A maioria das pessoas enxerga com considerável precisão o ambiente a sua volta, em relação ao próprio corpo. Isso acontece por causa da percepção de profundidade que uma visão binocular (dos dois olhos) proporciona, captando os objetos que se movem em nossa direção ou os que se afastam. Mas quando o indivíduo enxerga somente de um olho ele acaba perdendo esta percepção de profundidade de campo, o que caracteriza a visão monocular.
Mas, para entender com um pouco mais de clareza sobre o assunto, leia a entrevista abaixo.
O que é visão monocular?
Visão é o conjunto de informações sobre estruturas do espaço (seres vivos e inanimados) e suas relações (formas, texturas, brilhos e cores, dimensões e distanciamentos, movimentos) providas pelo “olhar”, isto é, pelo direcionamento do olho a esses objetos de atenção (situados à sua “frente”). É o que dá base ao que se diz “enxergar” (a qualidade da discriminação de detalhes), ou “ver” (o reconhecimento cognitivo dessas informações). Assim, visão monocular, como o nome indica, é a função sensorial provida por um olho.
Com base nessa afirmação descritiva das propriedades de cada um de seus termos constituintes, visão monocular é uma qualidade (não um defeito) comumente tomada como significativa de visão. Entretanto, a natureza dispõe dois olhos aos vertebrados, dos quais lhes resultam informações mais vantajosas sobre configurações do espaço. Assim, por subordinação a esta qualidade visual facultada pelos dois olhos (visão binocular), a outra (visão monocular) torna-se, isoladamente, deficitária, insuficiente. É com essa conotação que se costuma designá-la, ou seja, visão monocular é uma condição defeituosa da visão binocular.
Quais os sintomas? Como é caracterizada?
Pela consideração estrita como qualidade, a ausência da visão monocular é caracterizada como cegueira. Reduções parciais, decorrentes de perdas de transparência dos meios oculares (nébulas corneais, cataratas, opacidades do corpo vítreo) e ametropias manifestam-se, principalmente, por diminuições da acuidade visual. Lesões ou disfunções de retina e vias visuais dão escotomas absolutos (perdas totais, como hemianopsias e quadrantanopsias); ou relativos da visão, em setores do campo visual. Defeitos da percepção visual (decodificação de sinais originados no olho) aparecem como ambliopias e cegueiras corticais. Defeitos de interpretação do que se vê (cognição visual, dependente da integração de informações em outras áreas do cérebro) revelam-se como ilusões, alucinações e agnosias. Enfim, defeitos da visão (monocular) representam, praticamente, a quase totalidade dos motivos das consultas em Oftalmologia e Neuro-oftalmologia. Quando assumida como uma falha do sistema visual binocular, a visão monocular (remanescente, isto é, devida à ausência ou comprometimento substancial da visão correspondente ao outro olho), expressa-se dependentemente da espécie afetada. Em certos animais (coelhos, cavalos) a visão binocular é a de extensão de campo, cabendo a cada olho a visão de um lado do corpo (180°). A visão binocular cobre, portanto, toda a amplitude angular do espaço ao redor do animal (360°) e a visão monocular (única) corresponde a uma cegueira do lado oposto (anopsia lateral completa). Já no Homem, como resultado da progressiva frontalização dos eixos visuais principais, na filogênese, a visão binocular torna-se a de superposição de campos. A principal vantagem desse modelo é concebida como a da percepção tridimensional do espaço (profundidade de campo, estereopsia). Com a visão monocular, perde-se, pois, a estereopsia.
Fonte: Revista Veja Bem, Edição 04, pag. 25.
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